UMA QUESTÃO DE CARÁTER

Adoro a simbologia das máscaras, mas daí, a ficar usando uma, ou, várias, o tempo todo... ah, ...não!!!!
Como ninguém é uma ilha, arrumei um jeito de através das máscaras, expor minha própria face, ser aplaudida pela platéia e ainda ser paga por isso.
Trabalhar no Teatro, me deu a dimensão exata de enxergar meu habitat natural e não ser tragada por ele. E, de repente, me vi com certa permissão poética para ser eu mesma, se assim o desejasse.
Mas as exigências do ego, sob luzes da ribalta e mergulhos nos confins do inconsciente, soaram o alarme do território minado que estava me cercando. Quando percebi que meu tempo, naquele sagrado templo profano tinha terminado, fui alçar outros vôos. Essa fase foi meu divisor de águas e ensinou como continuar a "brincar" depois de "grandinha" e ser emocionalmente mais saudável.
Freud explica????
Claríssimo, ele repaginou o sonho, encarando-o como "fantasias", a diferença é que não se perde o referencial da realidade, tendo consciência que a vida não é toda rosa, mas possui uma imensa gama de cores, incluindo preto e branco. Assim, como o ator, que entra e sai do jogo lúdico de uma apresentação teatral. Nada de fingimento, interpretação é mais do que uma arte, é um jogo, onde os participantes sabem que participam de uma abstração. Elenco e platéia estão de acordo. Ninguém engana ninguém...
Lembrei de uma mãe, que tentava matricular a filha numa renomada escola de teatro em São Paulo, que fazia pré-seleção para admissão dos alunos. Para convencer a direção, ela disse que a filha já tinha nascido atriz, pois, fingia muito bem e enganava a todos desde pequena.
A resposta foi: "Mas, minha senhora, então, sua filha não é atriz, ... é mau caráter!".
Apesar de contestar silenciosamente o modelo hipócrita, ditado por costumes de uma sociedade patológica, aprendi a conviver e a rir, sem veto, ou, censura, moral, ou loucura.
BETH R.